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sábado, 14 de agosto de 2010

Mandioca doce da Amazônia, transformou-se em álcool etanol

Mandiocaba, a mandioca doce da Amazônia, transformou-se em álcool etanol nesta terça-feira, mas a experiência vai continuar, anunciaram cientistas responsáveis pelo teste. Ao constatar que a carga de 250 quilos de massa desintegrada dessa variedade rendeu 25 litros de etanol (C2H5OH) o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, anunciou a surpresa: além do açúcar utilizado naturalmente na fabricação do etanol, apareceram outros açúcares que não entram na fermentação. “Precisamos agir rápido para evitar a formação de aldeídeos (compostos químicos orgânicos). Agora, concentraremos os esforços para utilizar todo o potencial dessa variedade”, disse Carvalho, no fim do teste.

Em 72 horas, as dornas de uma microdestilaria da USI (Usinas Sociais Inteligentes) funcionaram a todo vapor na garagem da Embrapa Cerrados. Os pesquisadores consideraram razoável a experiência. Sem a necessidade da hidrólise, a massa fermentou por um período de aproximadamente dez horas, entrou em destilação e saiu “no ponto”. O álcool saiu a 96 GL (sigla de Gay Jussac e Cartier, criadores do densímetro para álcool).

Carvalho lembrou que o álcool é feito de glicose e não de sacarose e, no uso da mandiocaba, o açúcar já é glicose. Na mandioca não existe nenhum composto que iniba o processo biológico de fermentação alcoólica. Dependendo da região, a obtenção do álcool a partir dela poderá ser mais barata inclusive do que pela cana-de-açúcar, ele estima.

ANP RECEBERÁ DADOS

A experiência detalhada por Carvalho será oferecida à Agência Nacional de Petróleo (ANP). A agência estabelece para o País três tipos de produção de álcool combustível: o anidro, sem água, com 99% a 100%, usado diretamente nos carros flex; o álcool de 95 a 96 GL, com 5% de água, que não se mistura à gasolina e é usado diretamente na bomba; e o álcool convertido em aditivo para a gasolina. Carvalho iniciou em 1996 pesquisas com as variedades de mandioca coloridas e açucaradas. Em 2003 produziu o xarope glicosado e em 2008 chegou ao álcool.

Ele explica que a composição de açúcar dessa planta confere uma rapidez ao processo de conversão em álcool, enquanto o açúcar da cana leva 14 horas para ser beneficiado. A fabricação de etanol de mandiocaba dispensa o processo de hidrólise e adição de enzimas (importadas), o que pode reduzir o custo energético até 40%. Cada hectare de mandiocaba rende 14 metros cúbicos (m3) de álcool. Pelo processo convencional de hidrólise de amido da mandioca o rendimento é em torno de 6,4 m de álcool por um processo de fermentação que dura até 70 horas, enquanto o processo tradicional da cana-de-açúcar chegou a 8 m em 48 horas.

Enquanto uma tonelada de cana produz 85 litros de álcool, a mesma quantidade de mandioca pode produzir 211 litros do combustível. Porém, os custos de produção da cana-de-açúcar são menores em cerca de 50% quando comparados aos da mandioca. A variedade, até então privilégio da Amazônia, está sendo cultivada pelos técnicos da Embrapa no cerrado. Em Planaltina, a 40 quilômetros do Plano Piloto de Brasília, a produtividade é até quatro vezes menor, mas os pesquisadores buscam diariamente melhoramentos genéticos, para colher mais mandioca-doce. Fala-se até em dez toneladas por hectare.

RENDIMENTO

▪5 a 7 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela cana-de-açúcar.

▪ 4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela batata-doce.

▪ 4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela mandioca.

▪ 3,5 a 4,5 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido por sorgo sacarino.

Os equipamentos da USI vêm sendo testados há três anos para produção de álcool a partir de mandioca açucarada. Segundo o engenheiro Eduardo Malmann, a tecnologia “preserva o lado social e ambiental” e pode ser utilizada em propriedades rurais, cooperativas e prefeituras. Custo de produção do bioetanol: entre R$ 0,35 e R$ 0,50 o litro (Arquimedes Online, 2/04/09
)

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