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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Encontro inédito reunirá pesquisadores mandioqueiros em 2011

27 de outubro de 2010

Montezuma Cruz



BRASÍLIA – Grande parte dos brasileiros desconhece o multiuso da mandioca, planta “domesticada” no Acre há 12 mil anos. Experiências da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) feitas com êxito em diversas unidades da Embrapa também são ignoradas por cientistas de institutos agronômicos, universidades, centros de difusão de tecnologia. E vice-versa.

Líder em recursos genéticos para a mandioca, o País terá no primeiro semestre de 2011 uma inédita reunião desses pesquisadores. Além de se conhecerem, eles irão compartilhar resultados de estudos durante um seminário para o qual também serão convidados representantes de empresas estaduais parceiras.

Local e data ainda serão anunciados. O evento deverá ser promovido em Cruz das Almas (sede da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical) ou em Brasília (sede administrativa, da Embrapa Cerrados e da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – Cenargem). Antecederá o 14º Congresso Brasileiro da Mandioca, marcado para outubro de 2011, em Maceió (AL).

A proposta feita nesta quarta-feira pelo pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Joselito da Silva Motta, obteve a adesão do deputado Fernando Melo (PT-AC) que se comprometeu a apoiar o evento.
– O segmento político é um tesouro escondido. Não podemos prescindir dele quando buscamos o êxito em nossas atividades – disse Motta,


A vida pela mandioca

Motta tem 34 anos de serviço, dos quais, “mais de dez vividos para a mandioca”. Em 19 estados visitados, ele enfatizou a importância de aumentar o cultivo dessa raiz “para reduzir a dependência da importação do trigo usado na fabricação do pãozinho”.

– Quem muito abraça, pouco aperta, costumo dizer. Eu venho sempre tirando ouro do lixo – comenta Motta, ao se referir à alimentação animal com subprodutos da mandioca. Ele sugere para a pauta do futuro seminário a montagem de uma rede de informações com a participação de todos os segmentos envolvidos com o setor.

– Essa iniciativa vai quebrar as barreiras de comunicação que ainda existem entre nós – afirmou o pesquisador do Cenargem Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, especialista em mandiocas coloridas e criador do tucupi (*) em pó e do xarope de mandioca.

Auxiliado por colegas do Cenargem e da Embrapa Cerrados, em 2009 ele comandou a transformação da mandioca em álcool etanol com 25% de glicose e pelo menos 10% de sacarose. O açúcar da cana tem apenas 12% de sacarose.

– Do Acre ao Oiapoque, em seis viagens à Amazônia, coletei diversas variedades de mandioca, entre elas, a mandiocaba (açucarada) – lembrou.
Carvalho não se limitou à experiência do uso para a fabricação de farinha e tapioca, hoje muito amparadas pela Fundação Banco do Brasil, por meio do conhecido projetos “Casas de Farinha”. Estuda cada vez mais a sua utilidade para a siderurgia. Estuda cada vez mais a sua utilidade para a siderurgia.
Outros pesquisadores concluem estudos que indicam a manipueira (líquido leitoso) da planta para o uso como fertilizante e herbicida.

(*) Tucupi é um tempero e molho de cor amarela extraído da raiz da mandioca brava.

sábado, 23 de outubro de 2010

Mandiocaba, a mandioca doce da Amazônia, vira etanol


MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia

PLANALTINA, DF – Mandiocaba, a mandioca doce da Amazônia, transformou-se em álcool etanol nesta terça-feira, mas a experiência vai continuar, anunciaram cientistas responsáveis pelo teste. Ao constatar que a carga de 250 quilos de massa desintegrada dessa variedade rendeu 25 litros de etanol (C2H5OH) o pesquisador Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, anunciou a surpresa: além do açúcar utilizado naturalmente na fabricação do etanol, apareceram outros açúcares que não entram na fermentação. “Precisamos agir rápido para evitar a formação de aldeídeos (compostos químicos orgânicos). Agora, concentraremos os esforços para utilizar todo o potencial dessa variedade”, disse Carvalho, no fim do teste.

Em 72 horas, as dornas de uma microdestilaria da USI (Usinas Sociais Inteligentes) funcionaram a todo vapor. Os

Salla (d) ergue o tubo com etanol, observado por Carvalho (e): comemoração / M.CRUZ
Salla (d) ergue o tubo com etanol, observado por Carvalho (e): comemoração / M.CRUZ
pesquisadores considerarem razoável a experiência. Sem a necessidade da hidrólise, a massa fermentou por um período de aproximadamente dez horas, entrou em destilação e saiu “no ponto”. O álcool saiu a 96 GL (sigla de Gay Jussac e Cartier, criadores do densímetro para álcool).

Carvalho lembrou que o álcool é feito de glicose e não de sacarose e, no uso da mandiocaba, o açúcar já é glicose. Na mandioca não existe nenhum composto que iniba o processo biológico de fermentação alcoólica. Dependendo da região, a obtenção do álcool a partir dela poderá ser mais barata inclusive do que pela cana-de-açúcar, ele estima.


A experiência detalhada por Carvalho será oferecida à Agência Nacional de Petróleo (ANP). A agência estabelece para o País três tipos de produção de álcool combustível: o anidro, sem água, com 99% a 100%, usado diretamente nos carros flex; o álcool de 95 a 96 GL, com 5% de água, que não se mistura à gasolina e é usado diretamente na bomba; e o álcool convertido em aditivo para a gasolina. Carvalho iniciou em 1996 pesquisas com as variedades de mandioca coloridas e açucaradas. Em 2003 produziu o xarope glicosado e em 2008 chegou ao álcool.


Rendimento


▪5 a 7 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela cana-de-açúcar.

▪ 4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela batata-doce.

▪ 4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela mandioca.

▪ 3,5 a 4,5 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido por sorgo sacarino.



Os equipamentos da USI vêm sendo testados há três anos para produção de álcool a partir de mandioca açucarada. Segundo o engenheiro Eduardo Malmann, a tecnologia “preserva o lado social e ambiental” e pode ser utilizada em propriedades rurais, cooperativas e prefeituras. Custo de produção do bioetanol: entre R$ 0,35 e R$ 0,50 o litro.


Chineses acompanham tudo

PLANALTINA, DF – Ao redor da máquina, os visitantes acompanham a experiência que definirá o uso da mandiocaba como principal ingrediente na produção do etanol. Quase ninguém se mexe do lugar. Os olhos estão fixos na massa que sai lentamente da máquina trituradora, e na pesagem feita ao lado, numa balança de precisão. A engenheira química Sílvia Belém, da área de Bioenergia pesa e confere as dezenas de baldes com a matéria-prima. Suas explicações são traduzidas em inglês por um funcionário da Embrapa Biotecnologia.

Os professores Wenquan Wang, da Academia de Ciência Chinesa para Agricultura Tropical (Catas), e Xin Chen, do Instituto Tropical de Biociência acompanharam o professor Bin Liu, PhD do Instituto de Genomas de Beijing (China) e assistente de direção daquela instituição de ensino.
Professor chinês observa a formação da massa que será levada à dorna / M.CRUZ
Professor chinês observa a formação da massa que será levada à dorna / M.CRUZ


Estudiosos do seqüenciamento de genoma de suínos, de frangos e do ser humano, agora eles conhecem o uso da mandioca na produção de álcool. Na semana passada, eles conheceram o banco ativo de germoplasma de mandioca da Embrapa Cerrados, que reúne uma coleção com quinhentas variedades de diferentes procedências, entre as quais, a mandiocaba.

Conheceram parte dos aproximadamente 2 ha de mandiocaba cultivada no cerrado. Segundo o pesquisador Josefino Fialho, o primeiro arranquio ocorreu após um ano. Parte da lavoura foi plantada em novembro de 2008. Embrapa e Catas assinaram um memorando visando a cooperação em melhoramento genético da mandioca. O pesquisador Eduardo Alano Vieira mostrou-lhes ainda a matéria-prima para o aumento da produtividade das variedades vermelha – rica em licopeno – e amarela, espécie com maior teor de betacaroteno.

Eles informaram que possuem uma coleção com aproximadamente mil acessos de mandioca. O acordo com a Embrapa prevê a possibilidade de coleta e intercâmbio de material genético de acordo com a legislação dos dois países. Wenquan Wang quis saber do deputado Fernando Melo (PT-AC) o total de área desmatada no Acre e as condições das lavouras de mandioca de lá. O parlamentar respondeu-lhe com alegria: “Perdemos apenas 12% de área de cobertura original. E a mandioca poderá expandir-se à vontade, sem a necessidade de novas derrubadas”. (M.C.)





Pesquisador Eduardo Alano e o deputado Fernando Melo, durante a colheira, sexta-feira / M.CRUZ
Pesquisador Eduardo Alano e o deputado Fernando Melo, durante a colheira, sexta-feira / M.CRUZ
Acre quer microdestilaria
e vive grande expectativa


PLANALTINA – “O que falta na Amazônia são os princípios industriais, já que temos a base agronômica e a vontade de plantar”, disse à Agência Amazônia o agrônomo Diones Assis Salla, técnico agroflorestal da Secretaria de Desenvolvimento Agroflorestal do Acre. Ao participar do teste, ele lembrou que a mandioca faz parte da rica biodiversidade amazônica. “Ela não joga no time da monocultura”, argumentou.

Doutor em agronomia, na área de concentração em energia na agricultura, pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, em Botucatu (SP), Salla participou do teste. Entusiasmado com as perspectivas de conservação do ecossistema, ele defendeu o consorciamento de culturas: “No meio do mandiocal é possível plantar também outras culturas, entre as quais, feijão, milho, abóbora, melancia. Isso significa que, na mesma área plantada com mandioca para produzir energia, teremos mais alimentos com qualidade”.




Carvalho e Salla trituram a mandiocaba / M.CRUZ
Carvalho e Salla trituram a mandiocaba / M.CRUZ

Menos dependência

Diones Salla lembrou que o projeto para microdestilarias no Acre obteve a aprovação da Centrais Elétricas do Norte Brasileiro e, se funcionar, diminuirá a dependência de combustíveis nos municípios mais isolados. “Está próximo o dia em que seringueiros, castanheiros. ribeirinhos e índios abastecerão suas canoas, bombas-d’água e casas de farinha”, assinalou.

De acordo com o diretor do Centro de Raízes e Amidos Tropicais na Unesp, Cláudio Cabello, todos os tipos de mandioca podem ser usados para a produção de biocombustível, entretanto, aqueles com maior concentração de amido – a mandioca industrial por exemplo – são os mais indicados. Há seis anos Cabello pesquisa a produção de etanol a partir de amidos. "Inhame e batata-doce têm boas possibilidades, mas não se comparam ao que é possível se fazer a partir da mandioca”, ele disse.

Cálculos de Cabello revelam que a produção de mandioca tem um custo de R$ 100 por hectare. “Cada hectare produz entre 28 e 30 toneladas, e o mercado paga R$ 140 pela tonelada. Isso permite que a margem de lucro desse tipo de produto seja excelente, dando inclusive maior liberdade para a definição da época da colheita”, argumentou.

Engenheira química Sílvia Belém, de área de Bioenergia / M.CRUZ
Engenheira química Sílvia Belém, de área de Bioenergia / M.CRUZ
O tempo de cultivo da mandioca varia entre nove e 30 meses. Para o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), Antônio Donizetti Fadel, sócio-proprietário de Halotek-Fadel, em Palmital (SP), “quanto mais tempo na terra, maior é a lucratividade”.

Fadel lembrou que o Brasil é o único País do mundo a colher no 24º mês. Com 12 meses, a produtividade alcança, em média, 25 toneladas por hectare. Se o prazo for ampliado para entre 18 e 24 meses, essa produtividade sobe para 40 toneladas. “O custo não aumenta tanto, porque não há necessidade de replante ou de preparar a terra novamente”, explicou Fadel. Essa produtividade já foi alcançada no Vale do Purus, no Acre, e na região nordeste do Pará.

No entanto, Fadel alertou que, para tornar mais atraente o uso da mandioca na produção de biocombustível e o investimento mais viável economicamente, a exemplo do Proálcool, o governo deveria contribuir com a melhoria da produtividade agrícola. “Só assim a produção será mais competitiva em relação à cana e a outras matérias-primas para biocombustíveis”, ele disse. (M.C.)

Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedepinião e do Opiniao TV




Fonte: MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia

sábado, 18 de setembro de 2010

Moju quer produzir etanol de mandioca, mas tem fécula sobrando


Embora faça parte do maior estado produtor de mandioca do País, Moju atravessa com dificuldades uma encruzilhada econômica


MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia


BRASÍLIA – Sede da primeira indústria de fécula da Amazônia, Moju deverá iniciar brevemente a produção de álcool etanol de mandiocaba, a mandioca açucarada testada com êxito este mês pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Planaltina (DF), a 40 quilômetros do Plano Piloto de Brasília. O município fica na região nordeste do Pará, a 61 quilômetros de Belém. Tem cerca de 60 mil habitantes e é rico na produção de mandioca, coco, dendê, cupuaçu, feijão, pimenta-do-reino, maracujá, açaí e abacaxi.

Ikeda quer roça sem fogo e etanol de qualidade no nordeste paraense / M.CRUZ
Ikeda quer roça sem fogo e etanol de qualidade no nordeste paraense / M.CRUZ


Segundo o técnico agropecuário da Emater-PA, Flávio Ikeda, que participou durante uma semana da colheita, seleção de manivas e da primeira experiência com a produção de etanol, o prefeito Iran Ataíde de Lima (PMDB) entusiasmou-se com o resultado do teste feito numa microdestilaria e já encomendou uma para o município. Os equipamentos usados pelo pesquisador da Embrapa Biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco, são fabricados pela Usinas Sociais Inteligentes, do Rio Grande do Sul.

O prefeito encomendou à Emater-PA assistência técnica para o plantio inicial de cinco hectares de mandiocaba. As mandiocas predominantes no município são das variedades Paulozinho, Ismael e Táxi, todas de poupa branca destinadas à produção de farinha. A produção de mandioca do município é comercializada em pequena proporção na forma de raiz ou transformada em farinha de mesa que se destina ao abastecimento local, aos municípios vizinhos e à região metropolitana de Belém.

Embora faça parte do maior estado produtor de mandioca do País, Moju atravessa com dificuldades uma encruzilhada econômica. Sua fecularia dispõe atualmente de duzentas toneladas do produto, sem ter mercado consumidor. Em outra região amazônica, o Distrito Industrial de Manaus e as panificadoras locais consomem 94 mil toneladas anuais de fécula, totalmente “importadas” de Paranavaí, noroeste do Paraná, a 3,6 mil quilômetros de distância.

Experiência de sucesso

Apuro do álcool de mandiocaba durante o teste feito em Planaltina / M.CRUZ
Apuro do álcool de mandiocaba durante o teste feito em Planaltina / M.CRUZ
“Vamos corrigir isso com urgência, diversificando a cadeia produtiva da mandioca”, previu Ikeda. O Pará tem uma safra de 5,2 milhões de toneladas anuais e aumentará sua produtividade de 16 para 30 toneladas/ha, a partir de 2011, conforme informações da Secretaria Estadual de Agricultura.

A Secretaria de Agricultura do Pará investiu R$ 120 mil na criação de 12 campos experimentais de maniva-sementes, com meio hectare cada, em regiões distintas do Estado. Elas contemplam a diversidade de condições naturais e climáticas do Pará.

Ikeda vem trabalhando inspirado em mestres nessa área, entre os quais, os pesquisadores Manoel da Silva Cravo, do Sistema Bragantino; Otávio Lopes, que introduziu o método Plantio Direto Ecológico; e Raimundo Nonato Brabo Alves, da Embrapa Amazônia Oriental. “Para expandir-se, a mandioca não precisa de fogo, nem de devastação. Já me chamaram de ‘japonês doido por lá, mas eu vou em frente com esse projeto”, disse Ikeda, categoricamente, à Agência Amazônia.

Segundo explica, as variedades precoces de mandioca já obtêm sucesso em lugares onde não houve queima. O método tradicional de queima e broca da área provoca a degradação do solo. “Um pequeno agricultor plantou, colheu bem e já replantou”, observou. Esse êxito pode ser de todos, acredita o técnico.

Levantamento dos pesquisadores Raimundo Nonato Brabo Alves (Embrapa Amazônia Oriental) e Carlos Estevão Leite Cardoso (Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical) revela que as propriedades possuem no município, a média de 25 hectares. Outro fator positivo: 15 % dos produtores têm a posse da terra. A mão-de-obra predominante é familiar e a força de trabalho ainda é manual.



Trio da produtividade

Aos poucos, porém, pequenos agricultores paraenses se convencem da importância do denominado “trio da produtividade”, que se baseia em três ações para dobrar a produtividade: 1) a seleção da maniva de 8 a 10 meses, com a dispensa do toco e da ponteira; 2) o plantio no espaçamento 1 x 1 e; 3) a limpeza da área em 90 dias de plantio, sem invasoras.

Discípulo da “roça sem fogo”, divulgada pelo pesquisador Raimundo Brabo, o técnico Ikeda lembra-se de que uma colega da Emater-PA em Abaetetuba, a técnica Marisita Lima, montou uma unidade de observação, adotando esse trio, que logo virou quarteto. Ela acrescentou o tucupi como adubo. Levou o método para Santarém, mas foi novamente removida e está de volta a Moju. Feliz da vida.



Mandioca é saída ecológica para pequenos

Agricultor que não queima roça mostra um exemplar de mandiocaba / DIV
Agricultor que não queima roça mostra um exemplar de mandiocaba / DIV


BRASÍLIA – Em Moju, os produtores utilizam duas épocas de plantio: uma no início do período chuvoso, que ocorre em dezembro, e outra no início do período de estiagem, no mês de junho, denominado plantio de “verão”. Segundo alguns agricultores, esse método reduz o número de capinas e a incidência de podridão radicular. Alguns produtores já selecionam cultivares e o material a ser plantado.

A agricultura familiar na Amazônia caracteriza-se pelos processos de corte e queima da vegetação. Se por um lado essa prática reduz os custos de preparo do solo, por outro, acelera drasticamente o empobrecimento desse solo, principalmente em virtude da volatilização dos nutrientes no momento da combustão. A grande quantidade de CO2 emitido para a atmosfera é uma das más conseqüências disso.

A “roça sem fogo” foi também objeto de tese de mestrado do agrônomo Paulo Emílio Lovato, da Universidade Federal de Santa Catarina; da agrônoma especializada em agrossistemas da Universidade Federal do Pará, Maristela Marques da Silva; e da pesquisadora do Museu Emílio Goeldi, Irma Célia Vieira. A equipe lembra que o projeto surgiu de uma experiência pioneira coordenada pela Fundação Viver, Produzir e Preservar, organização não-governamental que atua nos municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia, Uruará, Placas, Senador José Porfírio, Porto de Moz e Vitória do Xingu, ao longo da rodovia Transamazônica (BR-230), no Pará.

Cerca de 150 famílias, cada qual com um hectare, foram beneficiadas. A técnica, segundo eles, consiste em utilizar áreas de floresta secundária, nas quais inicialmente é feita a roçagem para a retirada da vegetação original. Os materiais resultantes da roçagem – galhos e troncos – ficam acumulados sobre a superfície do solo, onde são colocadas espécies de cobertura, especialmente mucuna-preta, bananeira e mamona. Elas abafam ervas daninhas e auxiliam a decomposição do material vegetativo oriundo da roçagem da própria vegetação.

Há oito anos os pesquisadores constaram que mudanças na forma de encarar a representação predominante na região de que “sem fogo não se produz” não ocorreriam rapidamente. Mas acreditaram, como tantos outros acreditam, a exemplo de Ikeda em pleno século 21, que as mudanças vão além das questões práticas. Possuem o valor simbólico de trazer a fertilidade para a terra e garantir a reprodução social da família. (M.C.)




SAIBA MAIS

▪ Em Moju, a lavoura de mandioca é conduzida predominantemente por pequenos agricultores familiares, totalizando dois mil hectares, correspondentes a 0,6 % da área cultivada no Estado e uma produção de mais de 52 mil toneladas de raiz, em 2005 (IBGE, 2007).

▪ A mandioca representa de 80 % a 85 % da renda familiar na região. As propriedades estão, em média, distante 80 quilômetros da sede do município e as condições de acesso são ruins.▪ Problemas: o material de plantio (manivas) é retirado na própria propriedade e não recebe nenhuma tipo de seleção ou tratamento contra pragas e doenças, conforme levantamento feito há quase três anos.

▪ Menos de 30 % dos produtores tiveram acesso a crédito e menos de 20 % aos serviços de assistência técnica. Quanto ao destino da produção, 85% é para comercialização e 15% para o consumo familiar.



Mandioca doce da Amazônia vira etanol

O resultado do primeiro teste com a mandiocaba - a mandioca doce da Amazônia - usada para a fabricação de etanol, surpreendeu os cientistas da Embrapa. Reunidos no final de março, eles constataram que os 250 quilos de massa desintegrada dessa variedade, levados às dornas de uma microdestilaria montada na garagem da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF), renderam 25 litros de etanol (C2H5OH). Foi pouco, mas significativo. "Além do açúcar utilizado naturalmente na fabricação do etanol, apareceram na experiência outros açúcares que não entram na fermentação", revelou o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho. Segundo ele explicou, os próximos testes, que serão realizados ainda este ano, exigirão ação rápida que possa evitar a formação de aldeídeos (compostos químicos orgânicos). "Concentraremos esforços para utilizar todo o potencial dessa variedade", disse Carvalho, no fim do primeiro teste. Para transformar a mandioca doce em etanol, Carvalho e outros pesquisadores da Embrapa utilizaram uma microdestilaria da Usinas Sociais Inteligentes (USI), empresa de Porto Alegre que comercializa esse equipamento que é fabricado há três anos. A massa de mandioca fermentou por um período de Rendimento da destilação 5 a 7 mil litros por hectare é o total de bioetanolproduzido pela cana-de-açúcar 4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela batata-doce 4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela mandioca 3,5 a 4,5 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pelo sorgo sacar ino Intercâmbio com a China aproximadamente dez horas, entrou em destilação e o álcool saiu a 96 GL (sigla de Gay Jussac e Cartier, criadores do densímetro para álcool). Custos Segundo o engenheiro Eduardo Malmann, da USI, a tecnologia "preserva o lado social e ambiental" e pode ser utilizada em propriedades rurais, cooperativas e prefeituras. Custo de produção do bioetanol por esse sistema fica entre R$ 0,35 e R$ 0,50 o litro. Carvalho lembrou que na mandioca não existe nenhum composto que iniba o processo biológico de fermentação alcoólica. Ele estima que, dependendo da região, a obtenção do álcool a partir dela poderá ser mais barata, inclusive, do que pela cana-de-açúcar. A mandiocaba vem sendo testada pela Embrapa Cerrados e, de acordo com o pesquisador Josefino Fialho, espera-se ainda o resultado da produtividade dessa variedade nos cerca de dois hectares de campos experimentais. Conversão rápida A experiência detalhada por Carvalho será agora oferecida à Agência Nacional de Petróleo (ANP). A agência estabelece para o País três tipos de produção de álcool combustível: o anidro, sem água, com 99% a 100%, usado diretamente nos carros flex; o álcool de 95 a 96 GL, com 5% de água, que não se mistura à gasolina e é usado diretamente na bomba; e o álcool convertido em aditivo para a gasolina. Carvalho iniciou, em 1996, pesquisas com as variedades de mandioca coloridas e açucaradas. Em 2003 produziu o xarope glicosado e em 2008 chegou ao álcool. Ele explica que a composição de açúcar dessa planta confere uma rapidez ao processo de conversão em álcool, enquanto o açúcar da cana leva 14 horas para ser beneficiado. A fabricação de etanol de mandiocaba dispensa o processo de hidrólise e adição de enzimas (importadas), o que pode reduzir o custo energético até 40%. Cada hectare de mandiocaba rende 14 metros cúbicos de álcool. Pelo processo convencional de hidrólise de amido da mandioca o rendimento é em torno de 6,4 m³ de álcool por um processo de fermentação que dura até 70 horas, enquanto o processo tradicional da cana-de-açúcar chegou a 8 m³ em 48 horas. Enquanto uma tonelada de cana produz 85 litros de álcool, a mesma quantidade de mandioca rende 211 litros do combustível. Porém, os custos de produção da cana-de-açúcar são menores em cerca de 50% quando comparados aos da mandioca. A variedade, até então privilégio da Amazônia, está sendo cultivada no Cerrado pelos técnicos da Embrapa. Em Planaltina, a 40 quilômetros do Plano Piloto, a produtividade é até quatro vezes menor, mas os pesquisadores buscam melhoramentos genéticos para colher mais mandioca-doce. Fala-se até em 10 toneladas/ha.

Intercâmbio com a China

Ao redor da microdestilaria, os visitantes acompanham a experiência que definirá o uso da mandiocaba como principal ingrediente na produção do etanol. Quase ninguém se mexe do lugar. Os olhos estão fixos na massa que sai lentamente da máquina trituradora e na pesagem. A engenheira química Sílvia Belém, da área de Bioenergia, confere as dezenas de baldes com a matéria-prima e anota tudo numa planilha. Suas explicações são traduzidas em inglês por um funcionário da Embrapa Biotecnologia. Os professores Wenquan Wang, da Academia de Ciência Chinesa para Agricultura Tropical (Catas), e Xin Chen, do Instituto Tropical de Biociência, acompanharam o professor Bin Liu, PhD do Instituto de Genomas de Beijing (China) e assistente de direção daquela instituição de ensino. Estudiosos do sequenciamento de genoma de suínos, de frangos e do ser humano, agora eles conhecem o uso da mandioca na fabricação de álcool. Na semana passada, eles visitaram o banco ativo de germoplasma de mandioca da Embrapa Cerrados, que reúne uma coleção com quinhentas variedades de diferentes procedências, entre as quais, a mandiocaba. Percorreram o trecho de aproximadamente 2 hectares de mandiocaba cultivada no Cerrado. Segundo o pesquisador Josefino Fialho, o primeiro arranquio ocorreu um ano após o plantio. Parte da lavoura foi plantada em novembro de 2008. Embrapa e Catas assinaram um memorando visando a cooperação em melhoramento genético da mandioca. Produtividade O pesquisador Eduardo Alano Vieira mostrou ainda aos pesquisadores o aumento da produtividade das variedades vermelha - rica em licopeno - e amarela - espécie com maior teor de betacaroteno. A Catas possui uma coleção com cerca de mil acessos de mandioca.Oacordo com a Embrapa prevê a possibilidade de coleta e intercâmbio de material genético de acordo com a legislação dos dois países. O agrônomo Flávio Ikeda, da Emater-PA, veio de Abaetetuba para participar do teste, e saiu satisfeito. "Vim para entender como ocorre essa transformação e para saber como está o desenvolvimento da mandiocaba no Cerrado. "Lá em Moju (60 mil habitantes, a 80 quilômetros de Belém), temos a missão de plantar, ainda neste semestre, pelo menos cinco hectares dessa variedade para iniciar a fabricação de etanol", diz Ikeda. Ele diz que Moju é um caso especial de êxito econômico no Pará: além de ser um município mandioqueiro com renda per capita de R$ 2,2 mil, segundo o censo de 2005 do IBGE, conta hoje com duas grandes indústrias que produzem óleo de dendê. Lá também funciona a primeira fecularia da Amazônia. "Mesmo assim, o Pará, o Acre, Rondônia e Amazonas ainda adquiremfécula em Paranava(noroeste do Paraná), a distâncias que variam de 3,6 mil a 4 mil quilômetros. "O etanol unirá o útil ao agradável", afirma Ikeda.

Rendimento da destilação

5 a 7 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela cana-de-açúcar

4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela batata-doce

4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela mandioca

3,5 a 4,5 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pelo sorgo sacarino

sábado, 21 de agosto de 2010

Primeira concessão florestal já gera empregos em Rondônia

A concessão florestal na Flona do Jamari, em Rondônia, já começou a gerar empregos na região. A empresa Amata, que venceu a licitação para usar a maior unidade de manejo, contratou 30 pessoas, a maior parte de Itapuã do Oeste, para fazer o levantamento das árvores na Unidade de Produção Anual – área a ser manejada neste ano, de cerca de 1.800 hectares.

“O inventário é o mais importante de uma operação de manejo, que é o que vai permitir saber o que pode ser colhido e onde estão as áreas de alto valor de conservação”, diz o presidente da empresa, Roberto Waack. A Amata planeja começar a retirada de madeira no final de maio/início de junho.

O mateiro Jocimar Fogaça, 36 anos, foi uma das pessoas empregadas. “Está sendo ótimo. Trabalho nos horários certinhos, o alojamento é bom, e com carteira eu recebo 30% a mais do que recebia.” Na região, um dia de trabalho em situação informal sai em torno de R$ 50,00. “Itapuã estava parado, serviço não estava tendo. Já está dando uma melhorada.”

Além da Amata, as empresas Sakura e Madeflona também receberam o direito de manejar um total de 96 mil hectares, dos 215 mil da Flona. Elas devem gerar cerca de 400 empregos diretos e uma receita anual de R$ 4,4 milhões para o governo. Os recursos serão distribuídos entre governo federal, estado e municípios ligados à região.

A concessão em Jamari é a primeira do Brasil e foi possível devido à Lei 11.284, de 2 de março de 2006 (Lei de Gestão de Florestas Públicas), que permite ao governo conceder à iniciativa privada, por meio de licitação, o direito de explorar de forma sustentável as florestas públicas.

Manejo florestal sustentável x desmatamento – Uma das mais importantes inovações da Lei de Gestão de Florestas Públicas é a valorização do manejo florestal sustentável – modelo de conservação e desenvolvimento, por meio do qual a própria floresta gera sua conservação. Trata-se de uma atividade oposta ao desmatamento.

No desmatamento, a floresta é totalmente retirada para que a terra tenha outra finalidade. Já no manejo florestal sustentável, só é retirada da floresta uma quantidade de produtos que não prejudiquem sua recuperação (em geral, de cinco a seis árvores, das mais de 500 presentes em um hectare de floresta, a cada 30 anos).

Podem ser explorados, além da madeira, frutos, sementes, resinas, óleos e serviços. Isso é sustentabilidade, mais conhecida como a – economia da floresta -, que gera a renda que garante que a floresta continue existindo e prestando os serviços essenciais à vida no planeta, como regulação do clima, lazer, fornecimento de alimentos e produtos medicinais.

Posse na Unidade Regional- Nesta quarta-feira (3), o engenheiro florestal Maurício Sacramento toma posse na chefia da Unidade Regional do Serviço Florestal Brasileiro em Rondônia, que executa as atividades do órgão na região. Sacramento foi escolhido pela experiência na Gerência de Monitoramento do Serviço Florestal.

Sacramento substituirá Jefferson Amaro, que foi gerente da Unidade Purus Madeira até setembro de 2009. Nos últimos dois anos, a Unidade Regional foi estruturada e focou seu trabalho na operacionalização da gestão de concessão florestal para a Floresta Nacional do Jamari e na promoção de iniciativas de manejo florestal comunitário em assentamentos rurais.

Em relação à concessão, a Unidade se baseou em três eixos de gestão. O primeiro foi a interlocução com os concessionários (empresários que realizarão o manejo na área); o segundo, o aprimoramento da capacidade técnica na região, com a coordenação do Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal (Cenaflor), em Brasília. O terceiro eixo foi um grupo de trabalho reunindo os principais organismos envolvidos com a concessão florestal, como o Instituto Chico Mendes, responsável pela gestão da Floresta Nacional, o Sistema de Proteção da Amazônia, que propiciou informações sobre a região, e a Polícia Ambiental estadual, que atuou no controle, fiscalização e monitoramento da área.

No tocante ao manejo comunitário, a UR iniciou essa experiência no Projeto de Assentamento Florestal (PAF) Jequitibá, em colaboração com a Gerência de Florestas Comunitárias e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O trabalho da UR buscou criar condições para a implementação do manejo no assentamento. Para tanto, as ações realizadas visaram fazer a população rural se apropriar da tecnologia usada no manejo, participar da produção florestal e de sua gestão, e exercer o controle social em todo o processo.

O principal desafio de Maurício Sacramento no novo cargo será consolidar os processos já iniciados pela UR, em especial a operacionalização da concessão florestal na Floresta Nacional do Jamari. Além disso, ele trabalhará para, a partir dos estudos do ICMBio, definir novas áreas que podem ser usadas para concessão florestal. O novo gerente também enfatizará as ações voltadas para manejo comunitário na região.

Perfil – Sacramento trabalha no Serviço Florestal desde julho de 2007, onde participou, entre outros projetos, da elaboração de uma proposta de funcionamento para o Sistema de Monitoramento e Rastreamento de Veículos de Transporte de Produtos Florestais em áreas sob concessão florestal federal. Antes disso, também trabalhou em projeto de apoio ao Agroextrativismo na Amazônia, na Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável no Ministério do Meio Ambiente (MMA); e no ProManejo, no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Sacramento, que é mestre em Ciências Florestais – Conservação e Manejo de Recursos Florestais, está no MMA desde outubro de 2000.

(Fonte: MMA)

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2010/02/03/51634-primeira-concessao-florestal-ja-gera-empregos-em-rondonia.html

CNJ cancela mais de 5.000 registros de terras no Pará

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) cancelou mais de 5.000 registros de terras considerados irregulares no Estado do Pará. A determinação é do corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, e afeta imóveis em desacordo com os limites estipulados pela Constituição. Dipp cancelou os títulos por conta da suspeita de grilagem de terras e fraudes.

Os títulos já haviam sido bloqueados em 2006, por decisão da justiça estadual. O CNJ ainda não informou o tamanho da área a ser cancelada. Com o registro anulado, o dono da propriedade fica impedido de vendê-la ou usá-la em negócio bancário até que regularize a situação.

É considerado irregular o imóvel rural com mais de 10 mil hectares registrado de 16 de julho de 1934 a 8 de novembro de 1964; com extensão superior a 3 mil hectares, de 9 de novembro de 1964 a 4 de outubro de 1988; e com mais de 2,5 mil hectares, a partir de 5 de outubro de 1988.

A irregularidade foi denunciada por órgãos paraenses e federais, como o Instituto de Terras do Pará, a Procuradoria-Geral do estado, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Ministério Público, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Cabe à Corregedoria-Geral do Pará orientar os cartórios estaduais sobre o cancelamento. Esses órgãos terão 30 dias para adotar as medidas necessárias. O governo paraense e a União devem providenciar a regularização dos títulos. Em setembro do ano passado, o CNJ cancelou registros de imóveis em Altamira, também no Pará, somando mais de 410 milhões de hectares.

Carolina Pimentel
Da Agência Brasil
Em Brasília


sábado, 14 de agosto de 2010

Cadeia Produtiva Madeireira



Inventário Florestal

Arraste de Toras para pátios de Estocagem intermediária


Arraste de toras para pátio de expedição

Carregamento de Toras


Transporte de Toras - Rodoviário

Transporte de Toras - Fluvial


Pará dá nova concessão de Floresta Pública

A Floresta Nacional (Flona) de Saracá-Taquera, no oeste do Pará, é a mais nova floresta pública a passar por licitação para exploração controlada dos recursos florestais. Os contratos de concessão foram assinados ontem pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e pelas empresas vencedoras da licitação, a Ebata Produtos Florestais Ltda. e Golf Indústria e Comércio de Madeiras Ltda. As empresas vencedoras propuseram pagar cerca de 25% a mais do que o preço mínimo exigido para manejo na Flona. A Ebata deve pagar, no mínimo, R$ 1.798.685 anuais para manejar uma área de 30 mil hectares. A Golf ofereceu R$ 1.092.908 milhões anuais pelo direito de manejar uma unidade de 18.794 mil hectares. Os valores pagos pelas empresas terão reajustes anuais segundo o IPCA/IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Os recursos arrecadados com a concessão serão empregados na fiscalização, monitoramento e controle das áreas licitadas. Uma parcela de até 30% do montante que for arrecadado com a concessão será destinada ao Serviço Florestal. O restante, pelo menos 70%, será destinado aos municípios paraenses de Faro, Terra Santa e Oriximiná, onde se localizam as áreas manejadas, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - o gestor da unidade. "Das propostas técnicas, a maior exigência é de que essas empresas invistam nesses municípios", garante Marcelo Arguellis, gerente executivo de concessão florestal do SFB.

As concessionárias deverão investir aproximadamente R$ 500 mil em infra-estrutura e serviços para as comunidades e para os municípios da região. Além disso, as propostas preveem a geração de empregos locais. Pelo menos 83% dos empregos gerados pela Ebata deverão ser para moradores dos municípios da região. A Golf deve ter no mínimo 77% de empregos locais. Os contratos valerão por 40 anos. Nesse período, as empresas poderão retirar - com técnicas de manejo florestal - produtos como madeira, óleos, sementes, resinas. O cumprimento das normas contratuais será monitorado pelo Serviço Florestal Brasileiro. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) atuará no fiscalização das áreas sob concessão.

Moveis da Floresta - Design para clientes de Alto Padrão






Tora_Brasil_Topo

Gosto bastante de histórias de empreendedores. Elas sempre me inspiram para batalhar cada dia mais em meus negócios. Para quem não sabe, o Empreendedor é aquele que transforma a situação mais trivial em uma oportunidade excepcional, é visionário, sonhador, vive no futuro, nunca no passado e raramente no presente. Nos negócios é o inovador, o grande estrategista, o criador de novos métodos para penetrar nos novos mercados. O empreendedor tem um novo olhar sobre o mundo à medida que presencia a evolução. Valoriza suas experiências, valoriza seu valor, tomando decisões e decisões acertadas. Abre novas trilhas, explora novos conhecimentos, define objetivos e dá o primeiro passo.

Cristiano Ribeiro do Valle, empreendedor que criou a Tora Brasil em 2003 enquanto morava no Pará, cercado pela Floresta Amazônica, percebeu que nos EUA móveis em madeira maciça faziam sucesso em lojas de decoração. Este fato despertou a atenção de Cristiano às possibilidades que a natureza a seu redor oferecia, mas que acabavam esquecidas. Pouco tempo depois, o empreendedor trouxe peças exclusivas para São Paulo e seu primeiro ponto de venda foi na Vila Madalena, numa garagem emprestada. A marca ganhou espaço e a mudança para um lugar maior foi inevitável. Em 2007, inaugurou o showroom da marca na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, reduto da decoração em São Paulo.

Com dois endereços fixos em SP e com peças únicas e exclusivas, Cristiano não parou de inovar e ir além. O design de suas peças começa já na floresta. A seleção de cada árvore é feita pessoalmente e, a partir daí, ele que também desenha os móveis da marca, adapta as características naturais de cada tronco à funcionalidade do móvel, resultando na criação de um design diferenciado.

“Sempre brinco que é uma parceria de designers: Deus começa e nós terminamos”

Seu comprometimento com os clientes, a excelência na criação dos móveis, não é o suficiente para fazer do Cristiano e da Tora Brasil referência de filosofia de sucesso. A certificação ambiental é um ponto muito importante do negócio para o empreendedor aqui em voga. Desde 2007 a Tora Brasil é certificada pelo FSC (Forest Stewardship Council), o mais importante órgão e reconhecido mundialmente, que atesta a origem e manejo responsável da matéria-prima.

“Esse certificado é importante porque ainda há muita gente que confunde certificação com autorização do IBAMA, que é obrigatória”

Aproveitar a matéria-prima vinda da Amazônia da melhor maneira possível, evitando desperdício, inclusive partes da madeira que seriam descartadas pela indústria tradicional são práticas sustentáveis de primeira. Mas ainda tem mais… é que a quantidade de carbono emitida para produzir os móveis da Tora Brasil é mínima, além de coletar toda a poeira do ambiente e utilizar equipamentos modernos, que gastam menos energia e emitem menos ruído que os tradicionais. E em tempos em que cada um terá que fazer a sua parte em prol do meio ambiente e do futuro de nossas gerações, tais ações se tornam mais importantes ainda.

Hoje a marca está presente dentro e fora do Brasil, com revenda em Toronto, no Canadá. Mais uma prova de que o empreendedor Cristiano Ribeiro do Valle é o proprietário de uma bela história de sucesso e vem mudando a vida de muita gente e dando ótimos exemplos para a sociedade.

Recomendo você a visitar o site da Tora Brasil e seguir o perfil da marca no Facebook para saber mais sobre esta empresa que é referência no mercado em que atua, orgulho para nós brasileiros e exemplo de empreendedorismo.


Bio Refinaria de Etanol

PROJETO PARA PRODUÇÃO DE ÁLCOOL DE MANDIOCA NO JORDÃO PASSA À PRÁTICA

Embrapa e empresa privada montarão em Brasília usina piloto que pode ser instalada no Acre
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Presidente Lula numa usina de etanol

O projeto de implantação de uma usina para a produção de etanol a partir da mandioca, no município de Jordão, no interior do Acre, acaba de sair do papel. Fruto de parceria entre os gabinetes do senador Tião Viana e do deputado federal Fernando Melo, ambos do PT do Acre, o projeto vai ganhar contornos físicos no período de 25 de março a três de abril deste ano, quando será implantada no Distrito Federal, através da Embrapa Cerrado, uma unidade experimental de um invento privado batizado de USI – Usinas Sociais Inteligentes, o qual deverá ser implantado em Jordão, um dos municípios mais isolados do Acre e de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil - instrumento criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para aferir a qualidade de vida em localidades remotas ao redor do mundo.

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As USIs, na verdade, são biorrefinarias de pequeno porte para produção de álcool capazes de colocar ao alcance do pequeno produtor a fabricação de até mil litros dias de etanol, a partir de cana, batata doce, mandioca ou do sorgo sacarino, um vegetal parecido com a cana de açúcar e com grande resistência à seca (por isso também chamado de planta camelo), original do Sudão que se adaptou ao território dos Estados Unidos e que está sendo pesquisado e plantado pela Embrapa no Brasil. Com a implantação da USI no Distrito Federal, a Embrapa vai conceder à empresa fabricante a chamada “validação”, que consiste na aplicação de um selo da instituição afirmando que o invento corresponde às necessidades da pesquisa. A usina experimental em Brasília vai gerar cerca de 200 litros por dia de etanol do tipo padrão ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Uma USI, com capacidade de fabricação de mil litros dia de etanol, poderá ser implantada em regiões como Jordão a um custo de R$ 250 mil, segundo o dono da empresa fabricante do invento, o engenheiro Eduardo Cauduro Mallmann. O invento já tem inclusive reconhecimento das agências internacionais de desenvolvimento sustentável, como é o caso do Banco Mundial. A empresa Usinas Sociais Inteligentes S/A, com sede em Porto Alegre (RS), defendeu, em novembro de 2008, a convite do Banco Mundial, em Paris, o conceito do Bioethanol Social como vetor de desenvolvimento de comunidades carentes rurais, quando o projeto das USI foi apresentado. “Nós temos condições de, em 30 dias, implantarmos a usina em qualquer região do Brasil”, disse Cauduro Mallmam.

Empolgado com a idéia, o governador Binho Marques deverá comparecer à chamada solenidade de “validação” da usina em Brasília, segundo informou ontem, em Rio Branco, o idealizador do projeto para o Jordão, o deputado federal Fernando Melo. “Até agora, em termos de apoio político, eu só havia conversado com o senador Tião Viana, que não só nos incentivou como também se associou à idéia. Ao apresentar o projeto ao governador Binho Marques, senti nele o mesmo entusiasmo e o convidei para esta solenidade de validação em Brasília. Ele me disse que vai e que quer conhecer o projeto mais detalhadamente”, acrescentou Melo.

O município do Jordão foi objeto, na semana passada, de uma grande polêmica. Reportagem veiculada pelo programa “Fantástico”, da Rede Globo, listou o município entre os mais miseráveis do Brasil, com base nos índices do IDH. O deputado Fernando Melo negou que o projeto esteja sendo retomado por causa da reportagem do Fantástico. “Tive essa idéia ao constatar, nas minhas andanças pelo interior do Acre, que o litro de gasolina em Jordão chega a custar até mais de R$ 5,00 o litro. Como já vinha recorrendo a pesquisadores para estudar a mandioca como alternativa energética, conclui que uma boa saída, para ajudar no desenvolvimento de Jordão com a geração de emprego e a redução do preço do combustível, seria buscar uma alternativa com base no biocombustível. Fomos criticados por alguns setores, mas nunca desistimos da idéia e estou cada vez mais convencido de que estamos no caminho certo”, disse o deputado.

De acordo com Fernando Melo, um projeto no valor de R$ 1,3 milhão foi apresentado à Eletronorte para que a empresa financie a implantação. O senador Tião Viana disse que o projeto é justo e viável.

Pesquisador conclui que território acriano deu origem à mandioca

Fernando Melo revelou que chegou aos estudos que resultaram no projeto após contato com o pesquisador Dione Sallas, engenheiro agrônomo do Rio Grande do Sul que vive no Acre desde 1982 e que acaba de se doutorar, pela Unesp (Universidade do Estado de São Paulo), na área de energia a partir de raízes tuberosas. Ele estuda a mandioca e suas propriedades desde seus primeiros contatos com a cultura indígena, no início dos anos 80, no interior do Acre. “Eu percebi que, a caiçuma, o liquido extraído da mandioca para os rituais indígenas, tinha um elevador teor alcoólico”, revelou o pesquisador. “Ao me aprofundar na área, descubro que o Acre detém a melhor mandioca do país e tem este produto em abundância porque sua origem seria as terras onde atualmente se localizam o Estado, na faixa de fronteira entre a Bolívia e o Peru”, disse o professor.

Isso significa que, em milhões de anos passados, uma planta que a botânica ainda não definiu o nome, deu origem à raiz que, anos mais tarde, a mitologia indígena chamaria de Mani, alusão à lenda que conta a história do contato dos índios com o produto, nos primórdios da ocupação amazônica. “A partir desses estudos, partimos para descobrir as potencialidades da mandioca. Além da farinha, mais de mil ingredientes podem ser obtidos da mandioca, inclusive o etanol”, disse.

Além disso, garante Sallas, o etanol extraído da mandioca é melhor e mais abundante do que o extraído da cana de açúcar. Segundo ele, para cada tonelada de cana de açúcar, são produzidos 84 litros de etanol, enquanto que, para cada tonelada de mandioca, a produção é de180 litros de etanol. “Além desta vantagem quantitativa, no beneficiamento da mandioca, o resíduo não é tóxico e tem aproveitamento total na alimentação animal. Outro fator positivo é que a mandioca pode ser plantada em consórcio com outros produtos, como o milho, o arroz e o feijão – enquanto que a mandioca ocupa todo o espaço”, disse Sallas.

Tião Viana e Fernando Melo disseram que a escolha de Jordão como base da experiência se relaciona também ao isolamento e a busca de uma alternativa econômica para o município. “Sempre defendi que municípios isolados como é o caso de Jordão precisam ter, sim, uma alternativa econômica. Este projeto une as duas coisas, a busca de energia sustentável com geração de emprego e renda”, disse Tião Viana. “Depois de ouvir as explicações técnicas, estou convencido de que, do ponto de vista econômico, onde um litro de etanol da cana de açúcar custa mais de R$ 2,00, a alternativa da mandioca será sempre viável”, disse Fernando Melo.

Dione Sallas, por sua vez, disse que, do ponto de vista mecânico, não haverá problema na adaptação de motores à gasolina para esta alternativa de combustível. “Para os motores a diesel, a alternativa do etanol não é possível. Mas, para os motores à gasolina, como é ocaso da energia utilizada em pequenas embarcações em regiões como a de Jordão, o etanol pode sim substituir a gasolina e nós vamos nos dedicar à busca desta alternativa”, disse Dione Salles.


Mandioca açucarada reduz custo energético em até 40 %

Na busca por aliados ao projeto, o deputado Fernando Melo e o senador Tião Viana esbarraram, além de Dione Sallas, com pessoas como o pesquisador Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, de Brasília. As primeiras notas técnicas sobre um tipo de mandioca especial, com alto teor de glicose e sacarose, foram registradas por Castelo Branco em 1998, durante a realização de um congresso internacional de biotecnologia de mandioca, em Salvador.

Em mais dez anos, o pesquisador que redescobriu o tubérculo, antes usado pelos indígenas na alimentação e produção de cachaça, desenvolve estudos para a produção de etanol a partir da mandioca-doce. Segundo Carvalho, é possível encontrar 25% de glicose e pelo menos 10% de sacarose nessa raiz. "O açúcar que tem na cana é só sacarose, e apenas 12%", compara. Enquanto uma tonelada de cana produz 85 litros de álcool, a mesma quantidade de mandioca pode produzir 211 litros do combustível. A variedade, até então privilégio da região Norte do País, está sendo cultivada pelos técnicos da Embrapa no cerrado. Lá a produtividade é até quatro vezes menor, mas melhoramentos genéticos estão sendo realizados para se colher mais mandioca-doce no meio-oeste do País. É dos hectares de testes plantados em Brasília que vão sair as toneladas a serem processadas em escala industrial.

Castelo Branco explica que a "composição de açúcar dessa planta confere uma rapidez ao processo de conversão em álcool", enquanto o açúcar da cana leva 14 horas para ser beneficiado. Além de dispensar o processo de hidrólise e adição de enzimas (importadas), o que pode reduzir o custo energético em até 40%.Cada hectare de mandiocaba rende 14 metros cúbicos (m3) de álcool. Pelo processo convencional de hidrólise de amido da mandioca o rendimento é em torno de 6,4 m de álcool por um processo de fermentação que dura até 70 horas, enquanto o processo tradicional da cana-de-açúcar chegou a 8 m em 48 horas.

De acordo com o pesquisador, a descoberta desta mandioca especial se deu durante uma viagem de coleta de plantas na Amazônia, quando ele conheceu uma variedade de mandioca que em vez de amido tem grande quantidade de açúcares na raiz. Sua localização se deu em Altamira, Belém e nordeste do Pará, Ilha do Marajó e no Oiapoque, no Amapá. A variedade descoberta pelo pesquisador é na realidade uma mutação genética, guardada e usada pelos índios brasileiros antes mesmo de os portugueses chegarem ao Brasil, para obtenção de bebida alcoólica. “Eles usavam a bebida, chamada caxirim, nas cerimônias religiosas e nas celebrações”, disse Castelo Branco. A planta mutante, após um processo tradicional de seleção de variedades e cruzamento com plantas adaptadas a algumas regiões escolhidas para futuros plantios, resultou em uma variedade que dispensa o processo de hidrólise do amido da mandioca para transformação em açúcar e conversão em álcoois, inclusive o carburante para o combustível. “A eliminação da hidrólise do amido reduz em torno de 30% o consumo de energia no processo de produção de etanol de mandioca”, diz Carvalho. Isso significa que o processo para obtenção do etanol, a chamada hidrólis, dispensa o aquecimento da fécula, produto extraído da mandioca comum, que consiste no aquecimento com água a cem graus para torná-la liquida.

Da variedade, chamada de mandioca açucarada, a raiz é colhida, moída, prensada e o caldo sai pronto para ser usado no processo de produção do álcool, o que a diferencia das outras matérias-primas utilizadas com a mesma finalidade. “Os substratos que existem no reino vegetal ou são sacarose, da cana, da beterraba e do sorgo sacarino, por exemplo, ou amido, do milho, de raiz de mandioca, grãos de arroz e grãos de sorgo. Também podemos fazer etanol de bagaço da cana, de gramíneas e resíduos de lavouras”, disse o pesquisador, por telefone.

Povo acriano tem now how em mandioca, diz deputado

O deputado Fernando Melo disse não ter dúvidas de que a mandiocaba se adaptaria bem ao território acreano. Ele próprio fez plantar, na região de Sena Madureira, cerca de 500 pés da espécie da mandioca e o resultado foi o esperado. “É uma mandioca de excelente qualidade”, avaliou.

Além disso, os produtores acreanos detém experiência na plantação e no cultivo de mandioca. “Desde o princípio da ocupação do Acre, o roçado, a lavoura, é a única atividade do acreano depois do corte da seringa. Por isso, ganhamos, historicamente, esta experiência, principalmente no cultivo da mandioca. É por isso que não tenho dúvida de que, se implantarmos esta usina em Jordão, os agricultores da região conseguirão produção para atender a demanda. Isso vai gerar emprego, renda e reduzir o preço do combustível na região”, disse o deputado.

Assessoria do Gabinete do senador Tião Viana (Tião Maia)