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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mandiocaba gigante do Pará pesa 37 quilos

Agricultores Jones e Edilson Costa levaram o técnico da Emater ao sítio em Acará, terra com fartura de mandiocais /CEDIDA POR F. IKEDA

Um pé de mandiocaba (mandioca açucarada) gigante, com quatro raízes pesando 37,3 quilos virou atração no final da semana em Acará, perto de Belém, informa o técnico da Emater-PA, Flávio Ikeda. Entusiasmado, cuidou de transmitir as fotos para Amazônias. Há dois anos Ikeda vem estudando o uso da mandiocaba para fins energéticos. O Baixo Tocantins, no Pará, é o primeiro estado amazônico a adotar a roça sem queima, um projeto criado pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Raimundo Brabo Alves. Pequenos agricultores vêm conseguindo bons resultados com esse método que, entretanto, não se transformou ainda em programa estadual.

Das quatro raízes, uma estava estragada. As demais pesaram 8,5kg, 9,5kg e 10kg. A maior foi utilizada para fazer mingau. A raiz estragada alcançou 9,3kg. A coleta dessas raízes nesse município a 52 quilômetros da capital paraense animou Ikeda a percorrer propriedades vizinhas. Ele quer conhecer a produção para poder auxiliar na construção de banco de multiplicação genética.

Vendo a colheita, ele fez as contas: utilizando-se o espaçamento de 1m x 1m, recomendado para mandioca nessa região, seria possível plantar até 10 mil pés por hectare e uma grande colheita. “Se conseguíssemos fazer a mandiocaba produzir na média do que essa planta produziu, obteríamos 373,3 mil kg/ha. E se o rendimento em álcool fosse o mesmo conseguido no teste feito em abril de 2009 (leia o box) pelo pesquisador da Embrapa Biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, seria possível obter 37,33 litros/ha”, calculou o técnico.

Durante a transformação da mandioca em etanol, naquele ano, o pesquisador constatava que do álcool destilado pelas dornas de uma usina social inteligente (USI), 28% era aromático, cotado a R$ 40 o litro.

Ikeda vai auxiliar o Grupo Y. Yamada a cultivar mandiocaba para experimentos
Ikeda vai auxiliar o Grupo Y. Yamada a cultivar mandiocaba para experimentos

Foi o suficiente para Ikeda parar de calcular. “É muito para a minha cabeça”, disse. Ele começa esta semana um trabalho em parceria com o Grupo Y. Yamada, que se interessou em plantar essa variedade. O primeiro Y é de Yoichiro, fundador do grupo.


Trezentos hectares disponíveis

Os Yamada dispõem de uma área de trezentos hectares para experimentos agrícolas. Se plantarem mandiocaba, contarão com o apoio da Secretaria de Produção do Estado do Pará, da Emater, da Agência de Defesa Sanitária e da Embrapa.

A Emater convidará o pesquisador Castelo Branco Carvalho para ministrar um treinamento de uma semana com ele. No final da semana passada, Ikeda visitou a propriedade do grupo, uma extensão de cinco mil ha, dos quais quatro mil ha estão preservados, adequando-se à lei que impõe a preservação de 80% da propriedade.

“Isso traz ânimo a todos que vêem na mandioca doce uma ótima opção econômica para a nossa região”, comentou Ikeda. Ele acredita na possibilidade da formação de um campo de multiplicação de material genético, atividade na qual pretende se dedicar intensivamente.

O exemplar gigante, antes de ser arrancado do solo do sítio em Acará /F. IKEDA
O exemplar gigante, antes de ser arrancado do solo do sítio em Acará /F. IKEDA

O técnico levou para casa o exemplar gigante de mandiocaba e pretende multiplicá-lo. Conversou com Taizó Yamada, o presidente do Instituto Milton Yamada, a respeito da possibilidade de a entidade custear o treinamento a ser ministrado pelo pesquisador da Embrapa, que retornará esta semana de uma viagem à China.


Para biopolímeros

Além do cientista Castelo Branco Carvalho, há outras pessoas interessadas na mandiocaba. O estudante da Universidade Federal do Pará, Diego Aires, que atualmente faz mestrado sob a orientação do professor Rosinelson da Silva Pena, da Faculdade de Engenharia de Alimentos, é uma delas.

Aires estuda a mandiocaba como fornecedora de biopolímeros para produção de plástico biodegradável. Biopolímero é a macromolécula característica de seres vivos e de estrutura polimérica, como, por exemplo, as proteínas e os ácidos nucléicos.

Ele vem trabalhando com exemplares de mandiocaba colhida por Ikeda em Abaetetuba. Sua pesquisa deverá ser concluída este ano.


Rio Acará, via de acesso para escoar o etanol de mandioca. Em meia hora o produto chegaria a Belém /F. IKEDA
Rio Acará, via de acesso para escoar o etanol de mandioca. Em meia hora o produto chegaria a Belém /F. IKEDA

Fonte: MONTEZUMA CRUZ - Amazônias

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Encontro inédito reunirá pesquisadores mandioqueiros em 2011

27 de outubro de 2010

Montezuma Cruz



BRASÍLIA – Grande parte dos brasileiros desconhece o multiuso da mandioca, planta “domesticada” no Acre há 12 mil anos. Experiências da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) feitas com êxito em diversas unidades da Embrapa também são ignoradas por cientistas de institutos agronômicos, universidades, centros de difusão de tecnologia. E vice-versa.

Líder em recursos genéticos para a mandioca, o País terá no primeiro semestre de 2011 uma inédita reunião desses pesquisadores. Além de se conhecerem, eles irão compartilhar resultados de estudos durante um seminário para o qual também serão convidados representantes de empresas estaduais parceiras.

Local e data ainda serão anunciados. O evento deverá ser promovido em Cruz das Almas (sede da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical) ou em Brasília (sede administrativa, da Embrapa Cerrados e da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – Cenargem). Antecederá o 14º Congresso Brasileiro da Mandioca, marcado para outubro de 2011, em Maceió (AL).

A proposta feita nesta quarta-feira pelo pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Joselito da Silva Motta, obteve a adesão do deputado Fernando Melo (PT-AC) que se comprometeu a apoiar o evento.
– O segmento político é um tesouro escondido. Não podemos prescindir dele quando buscamos o êxito em nossas atividades – disse Motta,


A vida pela mandioca

Motta tem 34 anos de serviço, dos quais, “mais de dez vividos para a mandioca”. Em 19 estados visitados, ele enfatizou a importância de aumentar o cultivo dessa raiz “para reduzir a dependência da importação do trigo usado na fabricação do pãozinho”.

– Quem muito abraça, pouco aperta, costumo dizer. Eu venho sempre tirando ouro do lixo – comenta Motta, ao se referir à alimentação animal com subprodutos da mandioca. Ele sugere para a pauta do futuro seminário a montagem de uma rede de informações com a participação de todos os segmentos envolvidos com o setor.

– Essa iniciativa vai quebrar as barreiras de comunicação que ainda existem entre nós – afirmou o pesquisador do Cenargem Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, especialista em mandiocas coloridas e criador do tucupi (*) em pó e do xarope de mandioca.

Auxiliado por colegas do Cenargem e da Embrapa Cerrados, em 2009 ele comandou a transformação da mandioca em álcool etanol com 25% de glicose e pelo menos 10% de sacarose. O açúcar da cana tem apenas 12% de sacarose.

– Do Acre ao Oiapoque, em seis viagens à Amazônia, coletei diversas variedades de mandioca, entre elas, a mandiocaba (açucarada) – lembrou.
Carvalho não se limitou à experiência do uso para a fabricação de farinha e tapioca, hoje muito amparadas pela Fundação Banco do Brasil, por meio do conhecido projetos “Casas de Farinha”. Estuda cada vez mais a sua utilidade para a siderurgia. Estuda cada vez mais a sua utilidade para a siderurgia.
Outros pesquisadores concluem estudos que indicam a manipueira (líquido leitoso) da planta para o uso como fertilizante e herbicida.

(*) Tucupi é um tempero e molho de cor amarela extraído da raiz da mandioca brava.

sábado, 23 de outubro de 2010

Mandiocaba, a mandioca doce da Amazônia, vira etanol


MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia

PLANALTINA, DF – Mandiocaba, a mandioca doce da Amazônia, transformou-se em álcool etanol nesta terça-feira, mas a experiência vai continuar, anunciaram cientistas responsáveis pelo teste. Ao constatar que a carga de 250 quilos de massa desintegrada dessa variedade rendeu 25 litros de etanol (C2H5OH) o pesquisador Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, anunciou a surpresa: além do açúcar utilizado naturalmente na fabricação do etanol, apareceram outros açúcares que não entram na fermentação. “Precisamos agir rápido para evitar a formação de aldeídeos (compostos químicos orgânicos). Agora, concentraremos os esforços para utilizar todo o potencial dessa variedade”, disse Carvalho, no fim do teste.

Em 72 horas, as dornas de uma microdestilaria da USI (Usinas Sociais Inteligentes) funcionaram a todo vapor. Os

Salla (d) ergue o tubo com etanol, observado por Carvalho (e): comemoração / M.CRUZ
Salla (d) ergue o tubo com etanol, observado por Carvalho (e): comemoração / M.CRUZ
pesquisadores considerarem razoável a experiência. Sem a necessidade da hidrólise, a massa fermentou por um período de aproximadamente dez horas, entrou em destilação e saiu “no ponto”. O álcool saiu a 96 GL (sigla de Gay Jussac e Cartier, criadores do densímetro para álcool).

Carvalho lembrou que o álcool é feito de glicose e não de sacarose e, no uso da mandiocaba, o açúcar já é glicose. Na mandioca não existe nenhum composto que iniba o processo biológico de fermentação alcoólica. Dependendo da região, a obtenção do álcool a partir dela poderá ser mais barata inclusive do que pela cana-de-açúcar, ele estima.


A experiência detalhada por Carvalho será oferecida à Agência Nacional de Petróleo (ANP). A agência estabelece para o País três tipos de produção de álcool combustível: o anidro, sem água, com 99% a 100%, usado diretamente nos carros flex; o álcool de 95 a 96 GL, com 5% de água, que não se mistura à gasolina e é usado diretamente na bomba; e o álcool convertido em aditivo para a gasolina. Carvalho iniciou em 1996 pesquisas com as variedades de mandioca coloridas e açucaradas. Em 2003 produziu o xarope glicosado e em 2008 chegou ao álcool.


Rendimento


▪5 a 7 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela cana-de-açúcar.

▪ 4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela batata-doce.

▪ 4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela mandioca.

▪ 3,5 a 4,5 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido por sorgo sacarino.



Os equipamentos da USI vêm sendo testados há três anos para produção de álcool a partir de mandioca açucarada. Segundo o engenheiro Eduardo Malmann, a tecnologia “preserva o lado social e ambiental” e pode ser utilizada em propriedades rurais, cooperativas e prefeituras. Custo de produção do bioetanol: entre R$ 0,35 e R$ 0,50 o litro.


Chineses acompanham tudo

PLANALTINA, DF – Ao redor da máquina, os visitantes acompanham a experiência que definirá o uso da mandiocaba como principal ingrediente na produção do etanol. Quase ninguém se mexe do lugar. Os olhos estão fixos na massa que sai lentamente da máquina trituradora, e na pesagem feita ao lado, numa balança de precisão. A engenheira química Sílvia Belém, da área de Bioenergia pesa e confere as dezenas de baldes com a matéria-prima. Suas explicações são traduzidas em inglês por um funcionário da Embrapa Biotecnologia.

Os professores Wenquan Wang, da Academia de Ciência Chinesa para Agricultura Tropical (Catas), e Xin Chen, do Instituto Tropical de Biociência acompanharam o professor Bin Liu, PhD do Instituto de Genomas de Beijing (China) e assistente de direção daquela instituição de ensino.
Professor chinês observa a formação da massa que será levada à dorna / M.CRUZ
Professor chinês observa a formação da massa que será levada à dorna / M.CRUZ


Estudiosos do seqüenciamento de genoma de suínos, de frangos e do ser humano, agora eles conhecem o uso da mandioca na produção de álcool. Na semana passada, eles conheceram o banco ativo de germoplasma de mandioca da Embrapa Cerrados, que reúne uma coleção com quinhentas variedades de diferentes procedências, entre as quais, a mandiocaba.

Conheceram parte dos aproximadamente 2 ha de mandiocaba cultivada no cerrado. Segundo o pesquisador Josefino Fialho, o primeiro arranquio ocorreu após um ano. Parte da lavoura foi plantada em novembro de 2008. Embrapa e Catas assinaram um memorando visando a cooperação em melhoramento genético da mandioca. O pesquisador Eduardo Alano Vieira mostrou-lhes ainda a matéria-prima para o aumento da produtividade das variedades vermelha – rica em licopeno – e amarela, espécie com maior teor de betacaroteno.

Eles informaram que possuem uma coleção com aproximadamente mil acessos de mandioca. O acordo com a Embrapa prevê a possibilidade de coleta e intercâmbio de material genético de acordo com a legislação dos dois países. Wenquan Wang quis saber do deputado Fernando Melo (PT-AC) o total de área desmatada no Acre e as condições das lavouras de mandioca de lá. O parlamentar respondeu-lhe com alegria: “Perdemos apenas 12% de área de cobertura original. E a mandioca poderá expandir-se à vontade, sem a necessidade de novas derrubadas”. (M.C.)





Pesquisador Eduardo Alano e o deputado Fernando Melo, durante a colheira, sexta-feira / M.CRUZ
Pesquisador Eduardo Alano e o deputado Fernando Melo, durante a colheira, sexta-feira / M.CRUZ
Acre quer microdestilaria
e vive grande expectativa


PLANALTINA – “O que falta na Amazônia são os princípios industriais, já que temos a base agronômica e a vontade de plantar”, disse à Agência Amazônia o agrônomo Diones Assis Salla, técnico agroflorestal da Secretaria de Desenvolvimento Agroflorestal do Acre. Ao participar do teste, ele lembrou que a mandioca faz parte da rica biodiversidade amazônica. “Ela não joga no time da monocultura”, argumentou.

Doutor em agronomia, na área de concentração em energia na agricultura, pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, em Botucatu (SP), Salla participou do teste. Entusiasmado com as perspectivas de conservação do ecossistema, ele defendeu o consorciamento de culturas: “No meio do mandiocal é possível plantar também outras culturas, entre as quais, feijão, milho, abóbora, melancia. Isso significa que, na mesma área plantada com mandioca para produzir energia, teremos mais alimentos com qualidade”.




Carvalho e Salla trituram a mandiocaba / M.CRUZ
Carvalho e Salla trituram a mandiocaba / M.CRUZ

Menos dependência

Diones Salla lembrou que o projeto para microdestilarias no Acre obteve a aprovação da Centrais Elétricas do Norte Brasileiro e, se funcionar, diminuirá a dependência de combustíveis nos municípios mais isolados. “Está próximo o dia em que seringueiros, castanheiros. ribeirinhos e índios abastecerão suas canoas, bombas-d’água e casas de farinha”, assinalou.

De acordo com o diretor do Centro de Raízes e Amidos Tropicais na Unesp, Cláudio Cabello, todos os tipos de mandioca podem ser usados para a produção de biocombustível, entretanto, aqueles com maior concentração de amido – a mandioca industrial por exemplo – são os mais indicados. Há seis anos Cabello pesquisa a produção de etanol a partir de amidos. "Inhame e batata-doce têm boas possibilidades, mas não se comparam ao que é possível se fazer a partir da mandioca”, ele disse.

Cálculos de Cabello revelam que a produção de mandioca tem um custo de R$ 100 por hectare. “Cada hectare produz entre 28 e 30 toneladas, e o mercado paga R$ 140 pela tonelada. Isso permite que a margem de lucro desse tipo de produto seja excelente, dando inclusive maior liberdade para a definição da época da colheita”, argumentou.

Engenheira química Sílvia Belém, de área de Bioenergia / M.CRUZ
Engenheira química Sílvia Belém, de área de Bioenergia / M.CRUZ
O tempo de cultivo da mandioca varia entre nove e 30 meses. Para o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), Antônio Donizetti Fadel, sócio-proprietário de Halotek-Fadel, em Palmital (SP), “quanto mais tempo na terra, maior é a lucratividade”.

Fadel lembrou que o Brasil é o único País do mundo a colher no 24º mês. Com 12 meses, a produtividade alcança, em média, 25 toneladas por hectare. Se o prazo for ampliado para entre 18 e 24 meses, essa produtividade sobe para 40 toneladas. “O custo não aumenta tanto, porque não há necessidade de replante ou de preparar a terra novamente”, explicou Fadel. Essa produtividade já foi alcançada no Vale do Purus, no Acre, e na região nordeste do Pará.

No entanto, Fadel alertou que, para tornar mais atraente o uso da mandioca na produção de biocombustível e o investimento mais viável economicamente, a exemplo do Proálcool, o governo deveria contribuir com a melhoria da produtividade agrícola. “Só assim a produção será mais competitiva em relação à cana e a outras matérias-primas para biocombustíveis”, ele disse. (M.C.)

Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedepinião e do Opiniao TV




Fonte: MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia

sábado, 18 de setembro de 2010

Moju quer produzir etanol de mandioca, mas tem fécula sobrando


Embora faça parte do maior estado produtor de mandioca do País, Moju atravessa com dificuldades uma encruzilhada econômica


MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia


BRASÍLIA – Sede da primeira indústria de fécula da Amazônia, Moju deverá iniciar brevemente a produção de álcool etanol de mandiocaba, a mandioca açucarada testada com êxito este mês pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Planaltina (DF), a 40 quilômetros do Plano Piloto de Brasília. O município fica na região nordeste do Pará, a 61 quilômetros de Belém. Tem cerca de 60 mil habitantes e é rico na produção de mandioca, coco, dendê, cupuaçu, feijão, pimenta-do-reino, maracujá, açaí e abacaxi.

Ikeda quer roça sem fogo e etanol de qualidade no nordeste paraense / M.CRUZ
Ikeda quer roça sem fogo e etanol de qualidade no nordeste paraense / M.CRUZ


Segundo o técnico agropecuário da Emater-PA, Flávio Ikeda, que participou durante uma semana da colheita, seleção de manivas e da primeira experiência com a produção de etanol, o prefeito Iran Ataíde de Lima (PMDB) entusiasmou-se com o resultado do teste feito numa microdestilaria e já encomendou uma para o município. Os equipamentos usados pelo pesquisador da Embrapa Biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco, são fabricados pela Usinas Sociais Inteligentes, do Rio Grande do Sul.

O prefeito encomendou à Emater-PA assistência técnica para o plantio inicial de cinco hectares de mandiocaba. As mandiocas predominantes no município são das variedades Paulozinho, Ismael e Táxi, todas de poupa branca destinadas à produção de farinha. A produção de mandioca do município é comercializada em pequena proporção na forma de raiz ou transformada em farinha de mesa que se destina ao abastecimento local, aos municípios vizinhos e à região metropolitana de Belém.

Embora faça parte do maior estado produtor de mandioca do País, Moju atravessa com dificuldades uma encruzilhada econômica. Sua fecularia dispõe atualmente de duzentas toneladas do produto, sem ter mercado consumidor. Em outra região amazônica, o Distrito Industrial de Manaus e as panificadoras locais consomem 94 mil toneladas anuais de fécula, totalmente “importadas” de Paranavaí, noroeste do Paraná, a 3,6 mil quilômetros de distância.

Experiência de sucesso

Apuro do álcool de mandiocaba durante o teste feito em Planaltina / M.CRUZ
Apuro do álcool de mandiocaba durante o teste feito em Planaltina / M.CRUZ
“Vamos corrigir isso com urgência, diversificando a cadeia produtiva da mandioca”, previu Ikeda. O Pará tem uma safra de 5,2 milhões de toneladas anuais e aumentará sua produtividade de 16 para 30 toneladas/ha, a partir de 2011, conforme informações da Secretaria Estadual de Agricultura.

A Secretaria de Agricultura do Pará investiu R$ 120 mil na criação de 12 campos experimentais de maniva-sementes, com meio hectare cada, em regiões distintas do Estado. Elas contemplam a diversidade de condições naturais e climáticas do Pará.

Ikeda vem trabalhando inspirado em mestres nessa área, entre os quais, os pesquisadores Manoel da Silva Cravo, do Sistema Bragantino; Otávio Lopes, que introduziu o método Plantio Direto Ecológico; e Raimundo Nonato Brabo Alves, da Embrapa Amazônia Oriental. “Para expandir-se, a mandioca não precisa de fogo, nem de devastação. Já me chamaram de ‘japonês doido por lá, mas eu vou em frente com esse projeto”, disse Ikeda, categoricamente, à Agência Amazônia.

Segundo explica, as variedades precoces de mandioca já obtêm sucesso em lugares onde não houve queima. O método tradicional de queima e broca da área provoca a degradação do solo. “Um pequeno agricultor plantou, colheu bem e já replantou”, observou. Esse êxito pode ser de todos, acredita o técnico.

Levantamento dos pesquisadores Raimundo Nonato Brabo Alves (Embrapa Amazônia Oriental) e Carlos Estevão Leite Cardoso (Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical) revela que as propriedades possuem no município, a média de 25 hectares. Outro fator positivo: 15 % dos produtores têm a posse da terra. A mão-de-obra predominante é familiar e a força de trabalho ainda é manual.



Trio da produtividade

Aos poucos, porém, pequenos agricultores paraenses se convencem da importância do denominado “trio da produtividade”, que se baseia em três ações para dobrar a produtividade: 1) a seleção da maniva de 8 a 10 meses, com a dispensa do toco e da ponteira; 2) o plantio no espaçamento 1 x 1 e; 3) a limpeza da área em 90 dias de plantio, sem invasoras.

Discípulo da “roça sem fogo”, divulgada pelo pesquisador Raimundo Brabo, o técnico Ikeda lembra-se de que uma colega da Emater-PA em Abaetetuba, a técnica Marisita Lima, montou uma unidade de observação, adotando esse trio, que logo virou quarteto. Ela acrescentou o tucupi como adubo. Levou o método para Santarém, mas foi novamente removida e está de volta a Moju. Feliz da vida.



Mandioca é saída ecológica para pequenos

Agricultor que não queima roça mostra um exemplar de mandiocaba / DIV
Agricultor que não queima roça mostra um exemplar de mandiocaba / DIV


BRASÍLIA – Em Moju, os produtores utilizam duas épocas de plantio: uma no início do período chuvoso, que ocorre em dezembro, e outra no início do período de estiagem, no mês de junho, denominado plantio de “verão”. Segundo alguns agricultores, esse método reduz o número de capinas e a incidência de podridão radicular. Alguns produtores já selecionam cultivares e o material a ser plantado.

A agricultura familiar na Amazônia caracteriza-se pelos processos de corte e queima da vegetação. Se por um lado essa prática reduz os custos de preparo do solo, por outro, acelera drasticamente o empobrecimento desse solo, principalmente em virtude da volatilização dos nutrientes no momento da combustão. A grande quantidade de CO2 emitido para a atmosfera é uma das más conseqüências disso.

A “roça sem fogo” foi também objeto de tese de mestrado do agrônomo Paulo Emílio Lovato, da Universidade Federal de Santa Catarina; da agrônoma especializada em agrossistemas da Universidade Federal do Pará, Maristela Marques da Silva; e da pesquisadora do Museu Emílio Goeldi, Irma Célia Vieira. A equipe lembra que o projeto surgiu de uma experiência pioneira coordenada pela Fundação Viver, Produzir e Preservar, organização não-governamental que atua nos municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia, Uruará, Placas, Senador José Porfírio, Porto de Moz e Vitória do Xingu, ao longo da rodovia Transamazônica (BR-230), no Pará.

Cerca de 150 famílias, cada qual com um hectare, foram beneficiadas. A técnica, segundo eles, consiste em utilizar áreas de floresta secundária, nas quais inicialmente é feita a roçagem para a retirada da vegetação original. Os materiais resultantes da roçagem – galhos e troncos – ficam acumulados sobre a superfície do solo, onde são colocadas espécies de cobertura, especialmente mucuna-preta, bananeira e mamona. Elas abafam ervas daninhas e auxiliam a decomposição do material vegetativo oriundo da roçagem da própria vegetação.

Há oito anos os pesquisadores constaram que mudanças na forma de encarar a representação predominante na região de que “sem fogo não se produz” não ocorreriam rapidamente. Mas acreditaram, como tantos outros acreditam, a exemplo de Ikeda em pleno século 21, que as mudanças vão além das questões práticas. Possuem o valor simbólico de trazer a fertilidade para a terra e garantir a reprodução social da família. (M.C.)




SAIBA MAIS

▪ Em Moju, a lavoura de mandioca é conduzida predominantemente por pequenos agricultores familiares, totalizando dois mil hectares, correspondentes a 0,6 % da área cultivada no Estado e uma produção de mais de 52 mil toneladas de raiz, em 2005 (IBGE, 2007).

▪ A mandioca representa de 80 % a 85 % da renda familiar na região. As propriedades estão, em média, distante 80 quilômetros da sede do município e as condições de acesso são ruins.▪ Problemas: o material de plantio (manivas) é retirado na própria propriedade e não recebe nenhuma tipo de seleção ou tratamento contra pragas e doenças, conforme levantamento feito há quase três anos.

▪ Menos de 30 % dos produtores tiveram acesso a crédito e menos de 20 % aos serviços de assistência técnica. Quanto ao destino da produção, 85% é para comercialização e 15% para o consumo familiar.



Mandioca doce da Amazônia vira etanol

O resultado do primeiro teste com a mandiocaba - a mandioca doce da Amazônia - usada para a fabricação de etanol, surpreendeu os cientistas da Embrapa. Reunidos no final de março, eles constataram que os 250 quilos de massa desintegrada dessa variedade, levados às dornas de uma microdestilaria montada na garagem da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF), renderam 25 litros de etanol (C2H5OH). Foi pouco, mas significativo. "Além do açúcar utilizado naturalmente na fabricação do etanol, apareceram na experiência outros açúcares que não entram na fermentação", revelou o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho. Segundo ele explicou, os próximos testes, que serão realizados ainda este ano, exigirão ação rápida que possa evitar a formação de aldeídeos (compostos químicos orgânicos). "Concentraremos esforços para utilizar todo o potencial dessa variedade", disse Carvalho, no fim do primeiro teste. Para transformar a mandioca doce em etanol, Carvalho e outros pesquisadores da Embrapa utilizaram uma microdestilaria da Usinas Sociais Inteligentes (USI), empresa de Porto Alegre que comercializa esse equipamento que é fabricado há três anos. A massa de mandioca fermentou por um período de Rendimento da destilação 5 a 7 mil litros por hectare é o total de bioetanolproduzido pela cana-de-açúcar 4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela batata-doce 4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela mandioca 3,5 a 4,5 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pelo sorgo sacar ino Intercâmbio com a China aproximadamente dez horas, entrou em destilação e o álcool saiu a 96 GL (sigla de Gay Jussac e Cartier, criadores do densímetro para álcool). Custos Segundo o engenheiro Eduardo Malmann, da USI, a tecnologia "preserva o lado social e ambiental" e pode ser utilizada em propriedades rurais, cooperativas e prefeituras. Custo de produção do bioetanol por esse sistema fica entre R$ 0,35 e R$ 0,50 o litro. Carvalho lembrou que na mandioca não existe nenhum composto que iniba o processo biológico de fermentação alcoólica. Ele estima que, dependendo da região, a obtenção do álcool a partir dela poderá ser mais barata, inclusive, do que pela cana-de-açúcar. A mandiocaba vem sendo testada pela Embrapa Cerrados e, de acordo com o pesquisador Josefino Fialho, espera-se ainda o resultado da produtividade dessa variedade nos cerca de dois hectares de campos experimentais. Conversão rápida A experiência detalhada por Carvalho será agora oferecida à Agência Nacional de Petróleo (ANP). A agência estabelece para o País três tipos de produção de álcool combustível: o anidro, sem água, com 99% a 100%, usado diretamente nos carros flex; o álcool de 95 a 96 GL, com 5% de água, que não se mistura à gasolina e é usado diretamente na bomba; e o álcool convertido em aditivo para a gasolina. Carvalho iniciou, em 1996, pesquisas com as variedades de mandioca coloridas e açucaradas. Em 2003 produziu o xarope glicosado e em 2008 chegou ao álcool. Ele explica que a composição de açúcar dessa planta confere uma rapidez ao processo de conversão em álcool, enquanto o açúcar da cana leva 14 horas para ser beneficiado. A fabricação de etanol de mandiocaba dispensa o processo de hidrólise e adição de enzimas (importadas), o que pode reduzir o custo energético até 40%. Cada hectare de mandiocaba rende 14 metros cúbicos de álcool. Pelo processo convencional de hidrólise de amido da mandioca o rendimento é em torno de 6,4 m³ de álcool por um processo de fermentação que dura até 70 horas, enquanto o processo tradicional da cana-de-açúcar chegou a 8 m³ em 48 horas. Enquanto uma tonelada de cana produz 85 litros de álcool, a mesma quantidade de mandioca rende 211 litros do combustível. Porém, os custos de produção da cana-de-açúcar são menores em cerca de 50% quando comparados aos da mandioca. A variedade, até então privilégio da Amazônia, está sendo cultivada no Cerrado pelos técnicos da Embrapa. Em Planaltina, a 40 quilômetros do Plano Piloto, a produtividade é até quatro vezes menor, mas os pesquisadores buscam melhoramentos genéticos para colher mais mandioca-doce. Fala-se até em 10 toneladas/ha.

Intercâmbio com a China

Ao redor da microdestilaria, os visitantes acompanham a experiência que definirá o uso da mandiocaba como principal ingrediente na produção do etanol. Quase ninguém se mexe do lugar. Os olhos estão fixos na massa que sai lentamente da máquina trituradora e na pesagem. A engenheira química Sílvia Belém, da área de Bioenergia, confere as dezenas de baldes com a matéria-prima e anota tudo numa planilha. Suas explicações são traduzidas em inglês por um funcionário da Embrapa Biotecnologia. Os professores Wenquan Wang, da Academia de Ciência Chinesa para Agricultura Tropical (Catas), e Xin Chen, do Instituto Tropical de Biociência, acompanharam o professor Bin Liu, PhD do Instituto de Genomas de Beijing (China) e assistente de direção daquela instituição de ensino. Estudiosos do sequenciamento de genoma de suínos, de frangos e do ser humano, agora eles conhecem o uso da mandioca na fabricação de álcool. Na semana passada, eles visitaram o banco ativo de germoplasma de mandioca da Embrapa Cerrados, que reúne uma coleção com quinhentas variedades de diferentes procedências, entre as quais, a mandiocaba. Percorreram o trecho de aproximadamente 2 hectares de mandiocaba cultivada no Cerrado. Segundo o pesquisador Josefino Fialho, o primeiro arranquio ocorreu um ano após o plantio. Parte da lavoura foi plantada em novembro de 2008. Embrapa e Catas assinaram um memorando visando a cooperação em melhoramento genético da mandioca. Produtividade O pesquisador Eduardo Alano Vieira mostrou ainda aos pesquisadores o aumento da produtividade das variedades vermelha - rica em licopeno - e amarela - espécie com maior teor de betacaroteno. A Catas possui uma coleção com cerca de mil acessos de mandioca.Oacordo com a Embrapa prevê a possibilidade de coleta e intercâmbio de material genético de acordo com a legislação dos dois países. O agrônomo Flávio Ikeda, da Emater-PA, veio de Abaetetuba para participar do teste, e saiu satisfeito. "Vim para entender como ocorre essa transformação e para saber como está o desenvolvimento da mandiocaba no Cerrado. "Lá em Moju (60 mil habitantes, a 80 quilômetros de Belém), temos a missão de plantar, ainda neste semestre, pelo menos cinco hectares dessa variedade para iniciar a fabricação de etanol", diz Ikeda. Ele diz que Moju é um caso especial de êxito econômico no Pará: além de ser um município mandioqueiro com renda per capita de R$ 2,2 mil, segundo o censo de 2005 do IBGE, conta hoje com duas grandes indústrias que produzem óleo de dendê. Lá também funciona a primeira fecularia da Amazônia. "Mesmo assim, o Pará, o Acre, Rondônia e Amazonas ainda adquiremfécula em Paranava(noroeste do Paraná), a distâncias que variam de 3,6 mil a 4 mil quilômetros. "O etanol unirá o útil ao agradável", afirma Ikeda.

Rendimento da destilação

5 a 7 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela cana-de-açúcar

4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela batata-doce

4 a 6 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pela mandioca

3,5 a 4,5 mil litros por hectare é o total de bioetanol produzido pelo sorgo sacarino

sábado, 21 de agosto de 2010

Primeira concessão florestal já gera empregos em Rondônia

A concessão florestal na Flona do Jamari, em Rondônia, já começou a gerar empregos na região. A empresa Amata, que venceu a licitação para usar a maior unidade de manejo, contratou 30 pessoas, a maior parte de Itapuã do Oeste, para fazer o levantamento das árvores na Unidade de Produção Anual – área a ser manejada neste ano, de cerca de 1.800 hectares.

“O inventário é o mais importante de uma operação de manejo, que é o que vai permitir saber o que pode ser colhido e onde estão as áreas de alto valor de conservação”, diz o presidente da empresa, Roberto Waack. A Amata planeja começar a retirada de madeira no final de maio/início de junho.

O mateiro Jocimar Fogaça, 36 anos, foi uma das pessoas empregadas. “Está sendo ótimo. Trabalho nos horários certinhos, o alojamento é bom, e com carteira eu recebo 30% a mais do que recebia.” Na região, um dia de trabalho em situação informal sai em torno de R$ 50,00. “Itapuã estava parado, serviço não estava tendo. Já está dando uma melhorada.”

Além da Amata, as empresas Sakura e Madeflona também receberam o direito de manejar um total de 96 mil hectares, dos 215 mil da Flona. Elas devem gerar cerca de 400 empregos diretos e uma receita anual de R$ 4,4 milhões para o governo. Os recursos serão distribuídos entre governo federal, estado e municípios ligados à região.

A concessão em Jamari é a primeira do Brasil e foi possível devido à Lei 11.284, de 2 de março de 2006 (Lei de Gestão de Florestas Públicas), que permite ao governo conceder à iniciativa privada, por meio de licitação, o direito de explorar de forma sustentável as florestas públicas.

Manejo florestal sustentável x desmatamento – Uma das mais importantes inovações da Lei de Gestão de Florestas Públicas é a valorização do manejo florestal sustentável – modelo de conservação e desenvolvimento, por meio do qual a própria floresta gera sua conservação. Trata-se de uma atividade oposta ao desmatamento.

No desmatamento, a floresta é totalmente retirada para que a terra tenha outra finalidade. Já no manejo florestal sustentável, só é retirada da floresta uma quantidade de produtos que não prejudiquem sua recuperação (em geral, de cinco a seis árvores, das mais de 500 presentes em um hectare de floresta, a cada 30 anos).

Podem ser explorados, além da madeira, frutos, sementes, resinas, óleos e serviços. Isso é sustentabilidade, mais conhecida como a – economia da floresta -, que gera a renda que garante que a floresta continue existindo e prestando os serviços essenciais à vida no planeta, como regulação do clima, lazer, fornecimento de alimentos e produtos medicinais.

Posse na Unidade Regional- Nesta quarta-feira (3), o engenheiro florestal Maurício Sacramento toma posse na chefia da Unidade Regional do Serviço Florestal Brasileiro em Rondônia, que executa as atividades do órgão na região. Sacramento foi escolhido pela experiência na Gerência de Monitoramento do Serviço Florestal.

Sacramento substituirá Jefferson Amaro, que foi gerente da Unidade Purus Madeira até setembro de 2009. Nos últimos dois anos, a Unidade Regional foi estruturada e focou seu trabalho na operacionalização da gestão de concessão florestal para a Floresta Nacional do Jamari e na promoção de iniciativas de manejo florestal comunitário em assentamentos rurais.

Em relação à concessão, a Unidade se baseou em três eixos de gestão. O primeiro foi a interlocução com os concessionários (empresários que realizarão o manejo na área); o segundo, o aprimoramento da capacidade técnica na região, com a coordenação do Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal (Cenaflor), em Brasília. O terceiro eixo foi um grupo de trabalho reunindo os principais organismos envolvidos com a concessão florestal, como o Instituto Chico Mendes, responsável pela gestão da Floresta Nacional, o Sistema de Proteção da Amazônia, que propiciou informações sobre a região, e a Polícia Ambiental estadual, que atuou no controle, fiscalização e monitoramento da área.

No tocante ao manejo comunitário, a UR iniciou essa experiência no Projeto de Assentamento Florestal (PAF) Jequitibá, em colaboração com a Gerência de Florestas Comunitárias e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O trabalho da UR buscou criar condições para a implementação do manejo no assentamento. Para tanto, as ações realizadas visaram fazer a população rural se apropriar da tecnologia usada no manejo, participar da produção florestal e de sua gestão, e exercer o controle social em todo o processo.

O principal desafio de Maurício Sacramento no novo cargo será consolidar os processos já iniciados pela UR, em especial a operacionalização da concessão florestal na Floresta Nacional do Jamari. Além disso, ele trabalhará para, a partir dos estudos do ICMBio, definir novas áreas que podem ser usadas para concessão florestal. O novo gerente também enfatizará as ações voltadas para manejo comunitário na região.

Perfil – Sacramento trabalha no Serviço Florestal desde julho de 2007, onde participou, entre outros projetos, da elaboração de uma proposta de funcionamento para o Sistema de Monitoramento e Rastreamento de Veículos de Transporte de Produtos Florestais em áreas sob concessão florestal federal. Antes disso, também trabalhou em projeto de apoio ao Agroextrativismo na Amazônia, na Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável no Ministério do Meio Ambiente (MMA); e no ProManejo, no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Sacramento, que é mestre em Ciências Florestais – Conservação e Manejo de Recursos Florestais, está no MMA desde outubro de 2000.

(Fonte: MMA)

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2010/02/03/51634-primeira-concessao-florestal-ja-gera-empregos-em-rondonia.html

CNJ cancela mais de 5.000 registros de terras no Pará

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) cancelou mais de 5.000 registros de terras considerados irregulares no Estado do Pará. A determinação é do corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, e afeta imóveis em desacordo com os limites estipulados pela Constituição. Dipp cancelou os títulos por conta da suspeita de grilagem de terras e fraudes.

Os títulos já haviam sido bloqueados em 2006, por decisão da justiça estadual. O CNJ ainda não informou o tamanho da área a ser cancelada. Com o registro anulado, o dono da propriedade fica impedido de vendê-la ou usá-la em negócio bancário até que regularize a situação.

É considerado irregular o imóvel rural com mais de 10 mil hectares registrado de 16 de julho de 1934 a 8 de novembro de 1964; com extensão superior a 3 mil hectares, de 9 de novembro de 1964 a 4 de outubro de 1988; e com mais de 2,5 mil hectares, a partir de 5 de outubro de 1988.

A irregularidade foi denunciada por órgãos paraenses e federais, como o Instituto de Terras do Pará, a Procuradoria-Geral do estado, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Ministério Público, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Cabe à Corregedoria-Geral do Pará orientar os cartórios estaduais sobre o cancelamento. Esses órgãos terão 30 dias para adotar as medidas necessárias. O governo paraense e a União devem providenciar a regularização dos títulos. Em setembro do ano passado, o CNJ cancelou registros de imóveis em Altamira, também no Pará, somando mais de 410 milhões de hectares.

Carolina Pimentel
Da Agência Brasil
Em Brasília