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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Encontro inédito reunirá pesquisadores mandioqueiros em 2011

27 de outubro de 2010

Montezuma Cruz



BRASÍLIA – Grande parte dos brasileiros desconhece o multiuso da mandioca, planta “domesticada” no Acre há 12 mil anos. Experiências da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) feitas com êxito em diversas unidades da Embrapa também são ignoradas por cientistas de institutos agronômicos, universidades, centros de difusão de tecnologia. E vice-versa.

Líder em recursos genéticos para a mandioca, o País terá no primeiro semestre de 2011 uma inédita reunião desses pesquisadores. Além de se conhecerem, eles irão compartilhar resultados de estudos durante um seminário para o qual também serão convidados representantes de empresas estaduais parceiras.

Local e data ainda serão anunciados. O evento deverá ser promovido em Cruz das Almas (sede da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical) ou em Brasília (sede administrativa, da Embrapa Cerrados e da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – Cenargem). Antecederá o 14º Congresso Brasileiro da Mandioca, marcado para outubro de 2011, em Maceió (AL).

A proposta feita nesta quarta-feira pelo pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Joselito da Silva Motta, obteve a adesão do deputado Fernando Melo (PT-AC) que se comprometeu a apoiar o evento.
– O segmento político é um tesouro escondido. Não podemos prescindir dele quando buscamos o êxito em nossas atividades – disse Motta,


A vida pela mandioca

Motta tem 34 anos de serviço, dos quais, “mais de dez vividos para a mandioca”. Em 19 estados visitados, ele enfatizou a importância de aumentar o cultivo dessa raiz “para reduzir a dependência da importação do trigo usado na fabricação do pãozinho”.

– Quem muito abraça, pouco aperta, costumo dizer. Eu venho sempre tirando ouro do lixo – comenta Motta, ao se referir à alimentação animal com subprodutos da mandioca. Ele sugere para a pauta do futuro seminário a montagem de uma rede de informações com a participação de todos os segmentos envolvidos com o setor.

– Essa iniciativa vai quebrar as barreiras de comunicação que ainda existem entre nós – afirmou o pesquisador do Cenargem Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, especialista em mandiocas coloridas e criador do tucupi (*) em pó e do xarope de mandioca.

Auxiliado por colegas do Cenargem e da Embrapa Cerrados, em 2009 ele comandou a transformação da mandioca em álcool etanol com 25% de glicose e pelo menos 10% de sacarose. O açúcar da cana tem apenas 12% de sacarose.

– Do Acre ao Oiapoque, em seis viagens à Amazônia, coletei diversas variedades de mandioca, entre elas, a mandiocaba (açucarada) – lembrou.
Carvalho não se limitou à experiência do uso para a fabricação de farinha e tapioca, hoje muito amparadas pela Fundação Banco do Brasil, por meio do conhecido projetos “Casas de Farinha”. Estuda cada vez mais a sua utilidade para a siderurgia. Estuda cada vez mais a sua utilidade para a siderurgia.
Outros pesquisadores concluem estudos que indicam a manipueira (líquido leitoso) da planta para o uso como fertilizante e herbicida.

(*) Tucupi é um tempero e molho de cor amarela extraído da raiz da mandioca brava.